segunda-feira, 12 de abril de 2010

Judô: expansão meteórica

Akira Ueno

O judô surgiu como variante do antigo jiu-jítsu praticado pelos samurais. Mas Jigoro Kano, o criador da luta, tomou o cuidado de eliminar todos os golpes mortais antes de divulgar a arte marcial no Ocidente

A mais popular entre as artes marciais japonesas é também a que sofre a maior crise existencial. Desde que se tornou esporte olímpico, em 1964, conquistando milhões de adeptos em todo o mundo, o judô tem sido submetido a diversas “reformas” para tornar-se um esporte cada vez mais competitivo e acessível ao grande público.

Ao mesmo tempo, a linha mais conservadora dos praticantes luta para reduzir a velocidade das transformações nas regras e impedir a extinção da essência do esporte. “O judô praticado nas Olimpíadas é apenas um terço do que ele realmente representa: um esporte que valoriza a educação e a formação do caráter do indivíduo”, afirma o diretor-geral da Federação de Judô do Japão, Yukio Azuma.
O judô surgiu no final do século passado como uma variante do antigo jiu-jítsu praticado pelos samurais. Seu criador, o japonês Jigoro Kano, extraiu dessa arte marcial as bases para o judô, tomando o cuidado de eliminar todos os golpes mortais. Além de conceber um novo estilo de luta, Kano também foi seu maior divulgador pela Europa e pelos Estados Unidos. No Brasil, o judô chegou com os primeiros imigrantes japoneses para se tornar o esporte que deu mais medalhas olímpicas ao país. Foram oito ao todo, duas delas de ouro - arrebatadas, respectivamente, por Aurélio Miguel (Seul, 1988) e Rogério Sampaio (Barcelona, 1992).

A expansão do judô pelo mundo foi meteórica. Em 1952, foi criada a Federação Internacional de Judô. Quatro anos depois foi realizado o primeiro cam peonato mundial, em Tokyo. Dali para a estréia nas Olimpíadas do Japão foram só oito anos. Até hoje, é a única arte marcial que se tornou esporte olímpico. Apesar do prestígio, os mestres do judô continuam firmes no propósito de divulgar seus três pilares: educação, formação de caráter e esporte - com igual importância e mais valiosos que qualquer competição. “Uma medalha de ouro não é tudo, os praticantes sabem que o significado da arte marcial é o aperfeiçoamento até a morte”, filosofa Azuma.

O Japão, por essa razão, mantém-se como referência mundial da modalidade. Um dos projetos do Kodokan de Tokyo - um conglomerado que reúne, além da Federação, academias e centros de divulgação do judô - é resgatar os preceitos ensinados pelo criador Jigoro Kano. Mas, além de preservar as raízes do budô (como são classificadas as artes marciais), os japoneses andaram às voltas com questões menos filosóficas, como a cor do judogi (o quimono usado pelos competidores) para competições. Algumas federações de países da Europa defenderam a introdução do quimono azul, enquanto a Federação de Judô do Japão insistiu na manutenção da cor branca do uniforme. As duas cores são usadas atualmente.

Reportagem: Sergio Yamasaki, do Japão e Andréia Ferreira, do Brasil

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